Tuesday, January 19, 2010

O amor é raiva

Se não fosse raiva não seria amor e se de amor não se tratasse raiva não seria...
Assim grito e bem grito!
Grito alto e grito baixo!
Falo e grito mas nunca, nunca e NUNCA berro
Berrar é desesperar
É desencontrar o corpo da alma
Berrar não resolve nada
Grito violentamente na penumbra e aceno ao nascer do sol mas nunca, nunca berro.

Há um vulcão dentro de mim carregado de lava, chamas e emoções mas ele nunca explode...ele arredonda e encolhe-se para caber dentro de si mesmo e contorse-se bruscamente mas não, não, ele nunca explode. É um vulcão recheado e um vulcão recheado morrerá. E assim amo, amo com raiva! Amo com nojo e com desprezo mas amo, à minha maneira vulcânica.

O vulcão nunca berra...vai gritando...suavemente...

...talvez esse seja o seu erro...

Friday, January 15, 2010

Coisa

E lá vai a coisa para mais um momento...num acordar custoso observa o sol da manhã que amargamente lhe sabe a açúcar. E a coisa, lentamente, pausadamente e pesadamente levanta-se calmemente e anda passo por passo com pés quais descomunhais montanhas. A água jorra pelas pedras abaixo deixando ferrugem e algas, algas amargas, algas secas, algas peganhentas. Mas a coisa lá vai arrastanto o peso do mundo num só suspiro e os longos cabelos como as longas lágrimas que puderia ter jorrado no banho da noite anterior caiem-lhe ombros abaixo. Oleosos, sedosos, cremosos, leitosos os cabelos da coisa que calmamente se levanta. Que pausadamente se prepara, arranja, se arrasta. E o Sol de anteriormente jorra por entre as águas derramadas nas pedras sebosas deixando secura naquele planeta. É um sol ardente que dói, magoa e sente. Sente a mágoa de quem o sente, sente a coragem de quem o ama. Dá o relógio as sete badaladas e mais um período de tempo começa, mais um período de tortura, arrastamento e desilusão. Desilusão de uma coisa que vive outra coisa que não é a sua coisa nem a faz sentir a coisa que realmente é.

Coisa.
Ai se eu pudesse

Ai se eu pudesse voltar atrás no tempo..recuar no turbilhão de emoções, sensações, nevões, depressões, celebrações, corações, pões, pões...eu faria tudo diferente?

Certamente, algo de diferente eu faria felizmente. Determinantemente e decididamente tudo mudava.

Um sorriso transformar-se-ia numa lágrima e um abraço transformar-se-ia num grande e gordo ESTALO!

Ai se eu pudesse ser...Ai se eu pudesse ser quem inteiramente não sou mas inteiramente me sinto e inteiramente me vivo. Ai se eu pudesse...

Se aquilo que sentisse pudesse saltar e pular num campo verde e florido de alegrias e tristezas...Ai se eu pudesse olhar-te nos olhos dizer-te quem sou e continuar a ser a imagem no espelho dos teus olhos...

Ai se eu pudesse...mas não posso.
O Brilho Dela

Havia uma altura em que tudo era rosa...Havia uma altura em que tudo reluzia e cheirava a manhã de Natal...Havia uma altura em que os sonhos de amanhã eram vividos hoje...Havia uma altura em que tudo importava...cada olhar, cada beijo, cada carícia...Havia uma altura em que a vida tinha brilho...Havia uma altura em que o cetim do coração fluia com o vento e seguia sempre direcções inocentemente opostas...Havia uma altura que já não há mais...mas, aconteça o que acontecer, Havia uma altura, Houve uma altura, Houve um momento de brilho.


Algures no tempo, Ela Brilhou...